O protagonismo e o trabalho das mulheres no Pantanal

08/03/2024
Mara Aline Ribeiro
Mara Aline Ribeiro

As transformações sociais em curso, necessárias e importantes, estão colocando a mulher no papel de protagonista da economia mundial e no Pantanal não é diferente.

À frente do trabalho produtivo e de cuidado das gentes pantaneiras, tanto na atividade turística quanto na pecuária, a mulher assume uma missão importante, mas carrega consigo dores e lutas por melhorias.

Pesquisadoras vinculadas à ONG Mulheres em Ação no Pantanal - Mupan, explicam como a atuação da mulher passou de coadjuvante à protagonista na mão de obra e na preservação do Pantanal, em meio a dificuldades que comprometem a qualidade de vida física e emocional das pantaneiras.

Uma das entrevistadas dessa série é a Profa Dra Mara Aline Ribeiro, geógrafa, docente nos cursos de graduação e de pós-graduação em Antropologia Social e em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, membro da Rede Internacional de Pesquisa Turismo e Dinâmicas Socioterritoriais Contemporâneas e da Mupan, atua como pesquisadora dos viveres do Pantanal, nas questões de gênero, trabalho, turismo e comunidades tradicionais.

Para a pesquisadora, "O papel da mulher no Pantanal passa pela reprodução dos saberes, pela necessidade da preservação ambiental para manutenção da vida, elas têm consciência que a natureza oferece a matéria-prima para o trabalho que elas desenvolvem na atividade turística, seja na coleta do barro e dos pigmentos para a produção das cerâmicas indígenas, com a exuberância do ipê florido ou a piscosidade dos rios".

O trabalho da mulher pantaneira é essencial para a economia local "Nos últimos anos a mulher assumiu um protagonismo dentro da engrenagem econômica do Pantanal, necessária para dinamizar o turismo e manter o produto pantaneiro no mercado mundial", afirma Mara Aline

A despeito das mulheres pantaneiras serem conhecedoras da importância do seu trabalho, as pesquisas da professora mostram que essas mulheres vivem em um estado de vulnerabilidade que as invisibilizam socialmente e em condição de pobreza extrema.

"Elas têm demandas importantes a serem garantidas, como acesso à educação, saúde e direitos trabalhistas, sobretudo no trabalho reprodutivo, de manutenção da atividade turística (arrumadeiras, camareiras, isqueiras, piloteiras, cozinheiras); tudo isso se potencializa porque elas ainda cuidam da casa, das crianças e das pessoas idosas da família, ou seja, vivem em uma dinâmica a partir da economia do cuidado", afirma Mara Aline.